NATAL

Para muitos a oportunidade de reunir a família e os amigos.
Ocasião para comprar coisas novas para si e para os outros.
Tempo de renovar a casa, a mobília.
Lembro que para meu pai era tempo de pintar a nossa casa.
Todo dezembro a casa era pintada o que, motivava toda a família a cooperar na melhoria da decoração e, assim, a nossa casa ficava renovada alegre e bonita para as festas de fim de ano.
Era montado o presépio e a Árvore de Natal sob a qual, em todos os dias que antecediam o NATAL iam sendo depositados por todos da família seus presentes.
Minha mãe aguardava todos os dias que chegássemos cada qual de seu trabalho para juntos rezarmos a novena do Menino Jesus, pois disso não abria mão.
Eram divertidas as noites de dezembro!
Entre as orações de minha querida e saudosa Mãe permeava a nossa curiosidade em decifrar a quem se destinava cada bonito pacote sob a linda e reluzente Árvore de Natal.As crianças aguardavam ansiosas pelo Papai-Noel, querendo saber antecipadamente e a qualquer custo se iam receber do bom velhinho aquilo haviam lhe pedido.
Todos os dias alguém entrava pela porta trazendo pacotes diversos, compras, presentes que ganhávamos de amigos, colegas e de clientes do trabalho.
Finalmente, chegava a grande noite!
VINTE E QUATRO DE DEZEMBRO!Todos se arrumavam com esmero! Toda a família reunida! Para a alegria de meus pais que se colocavam a postos para receber os parentes e amigos, convidados para participarem, com a graça de Deus, de nossa farta ceia preparada com muito carinho e disposta com muito zelo sobre a mesa da sala de jantar.
Quitutes salgados, doces e manjares deliciosos confeccionados com arte por minha mãe e por minhas irmãs.
Era minha, a tarefa de decorar a mesa. Trabalho que sempre executei com muita alegria, muito amor e muito prazer!
Antes da ceia e da troca de presentes, para a alegria de minha mãe, ajoelhávamos todos, frente ao presépio para rezar o terço e a ultima oração da NOVENA DE MENINO JESUS.
Era assim, alegre e feliz o nosso NATAL!Sempre pensei que depois de meus pais, continuaria eu, a promover o NATAL de nossa família, pois sempre adorei a ocasião. Infelizmente, foi esse, mais um dos muitos sonhos que não pude realizar.
Quis o destino que por força de minha profissão eu viesse residir em uma cidade distante de toda a família e parentes. Casei-me e não tive a ventura de ter filhos. Embora procure decorar minha casa com esmero não sinto aquela alegria que me deixava eufórica! Sei que nunca realizarei aqui em casa um Natal como aqueles, tão aconchegantes! Tão animados! Tão Felizes!
Sequer saio pela cidade a procura de novidades, faço compras sem nenhuma animação, quando faço. Já não recebo e nem dou presentes com tanta felicidade.
Sempre que posso viajo para São Paulo para reunir a família e tentar repetir aqueles NATAIS do passado, embora com a ausência de alguns membros da família levados por Deus por terem, com certeza, cumprido suas missões aqui.
Todavia, sei que quando essas ocasiões acontecem, eles, ainda que invisíveis aos nossos olhos, estão presentes, vibrando e sorrindo, felizes em ver brotar as sementes que plantaram com tanto Carinho.
Mas que estou fazendo?
Se não tenho e não posso realizar o NATAL dos meus sonhos também não tenho o direito de reclamar, pois tenho ao menos belos NATAIS para lembrar com saudades.
Tenho uma casa, um salário, saúde um pouquinho capenga. Tenho um amor! Um companheiro!
Tenho muitas pessoas para amar.
E o que dizer daqueles que nunca tiveram NATAL?
Que nunca tiveram amor e carinho?
Que não têm casa e vivem ao relento?
Que mendigam um pedaço de pão?
Que dizer das crianças abandonadas que vêem com olhos compridos, expostos nas belas vitrines, os brinquedos, as guloseimas e as roupas que sabem que não irão ter por que a dureza da vida lhes mostrou muito cedo que Papai Noel é apenas um folclore, embora eu teime em acreditar que ele ainda existe.
É por essa razão que decidi:
-No ano que vem se Deus me der forças e saúde vou fazer aqui em casa um NATAL igualzinho aqueles da casa de meus pais.
Não importa se a família não vem porque não quer ou porque não pode. Eles serão substituídos por crianças órfãs e velhinhos abandonados. Pronto!
Rezaremos na frente do presépio! Trocaremos Presentes e depois ceiaremos enquanto os sinos estarão repicando nas torres das diversas igrejas anunciando GLÓRIA NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!
Com essas recordações e esse próposito desejo a todos um NATAL de muita PAZ e de muito AMOR!
No ensejo transcrevo, abaixo, alguns dos versos do Poema CANTO AO CRISTO de meu saudoso professor Neif Mattar:
 
"Cristo filho do Homem,
Homem filho de Deus
Embora muito tenhas que chorar,
Embora muitos venham a trair-Te
E de novo queiram crucificar-Te,
Embora muitos possam zombar de Ti
E de novo queiram coroar-Te de espinhos,
Embora muitos possam vender-Te por trinta dinheiros,
Embora muitos daqueles
Que hoje usam e abusam de Teu nome
Venham a negar-Te antes e depois de cantar o galo,
Embora Tua dinastia divina
Possa, uma vez mais, sofrer escárnio,
E Teus naturais direitos humanos
De novo não encontrem sentença que os reconheça,
Embora tudo isso,
É urgente que voltes a Terra
E que venhas multiplicar os homens de boa vontade.
 
Volta CRISTO, e de cima do monte, repete,
Para aqueles que tenham ouvido de ouvir ouçam:
-Ai de vós, fariseus hipócritas,
Que profanais o Meu Natal
Com as mentiras de papai noel,
Que promoveis banquetes e festins
E não convidais nenhum pobre, nenhum coxo, nenhum cego.
 
-Ai de vós farisus hípocritas,
Que devorais as casas das viúvas,
Que dais rendentoras esmolas
Fazendo, antes, soar bem alto a trombeta,
Para que todos saibam e aplaudam
A vossa vaidosa caridade.
 
- Ai de vós fariseus hipócritas,
Que vos fartais com a fome do mundo,
Que fazeis guerra em nome das religiões,
Que vendeis armamentos de guerra.
Que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho,
Mas que vos esqueceis de praticar
A Justiça, a Misericórdia e a Fé.
 
-Ai de vós fariseus hipócritas,
Que tomais em vão o Santo nome do Senhor,
Que fazeis guerras em nome das religiões,
Que pondes remendos novos em panos velhos,
Que pouco vos importais que se perca todo o rebanho,
Que pretendeis salgar com o sal insípido,
Que vos vestis de púrpura e continueis negando
A Lázaro as migalhas de vossos banquetes.
 
Volta, CRISTO,
CRISTO amigo, pai, irmão e companheiro.
Volta depressa,
Volta antes que se consuma a Grande Tragédia Humana:
Volta logo para evitar que o mundo se transforme
Num grande túmulo fumegante e sem ressurreição.
Volta, CRISTO:
 
Volta, CRISTO!
Se voltares, eu Tu, os poetas e os menestréis
Os simples, os solitários e famintos,
Os justos e os humilhados,
Os silenciosos e os sililenciados,
Os pacíficos e os amargurados,
Todos nós,
Na multiplicação universal de todos os homens,
De todas as geografias, de todos os sangues,
De todos os credos e de todas as origens, - todos -
De mãos dadas e corações somados,
Faremos florir pelos horizontes do espaço
E pelas fronteiras do tempo,
Todos os milagres do amor.
 
Se voltares, CRISTO,
Faremos luzir o ouro das espigas de trigo
Para que todos tenham pão,
Cantaremos o poema da solidariedade
E seremos todos bons samaritanos,
Limparemos a lepra do ódio  do coração do homem
E acenderemos candeias onde haja escuridão,
Ensinaremos a palavra ternura
E rezaremos preces no altar das flores,
Recitaremos a poesia da consciência livre
E teremos a força da verdade que liberta,
Pregaremos o sermão da fraternidade
E enxugaremos a lágrima do irmão que chora.
 
Se voltares,
Transformaremos os canhões em tratores,
Os ninhos serão só de pássaros e não de metralhadoras,
Os aviões voarão com as asas da concórdia,
Os foguetes misseis transportarão remédios,
Todos os navios pertencerão a todos os portos.
E antes de conquistar a Lua, Marte e Vênus,
Conquistaremos a alma humana
E a felicidade,
A suprema felicidade de ser gente. ..."
  
Ana Aparecida Ottoni