ASSIM FICA DIFÍCIL SER FELIZ.
 
Ao ler o jornal pela manhã as manchetes dos jornais:-
violência de todas as maneiras; catástrofes de toda a natureza; corrupção em diversos setores das atividades pública e privada; o lucro exagerado de alguns em detrimento da miséria de milhares espalhados pelas ruas, becos, vielas e sarjetas ou, então, ocultos nos barracos dependurados nos morros e nas encostas das periferias; nos asilos, nos hospitais e orfanatos de todas as cidades.

A empregada não comparece e, sequer, telefona para justificar ou então, chega bastante atrasada alegando que o trânsito era intenso, que a condução não passou no horário ou o ônibus quebrou. Cada desculpa é mais irritante, principalmente quando me ocorre o preço que pago pelas passagens da criatura, sete reais e quarenta centavos ao dia, pois resido em Brasília onde o transporte coletivo é o mais caro do país. Não é mesquinharia não senhor, não sou político ou marajá, sou apenas uma funcionária pública aposentada há doze anos sem reajuste dos parcos proventos pagos pelo Poder Executivo.

É meu amigo, os proventos não são reajustados, mas todas as taxas públicas são, além, é claro, do condomínio, do plano de saúde, da gasolina e, para completar, hoje a notícia do aumento do salário-mínimo que de fato é realmente mínimo, o mais mínimo dos mínimos abaixo da linha do Equador. Todavia, o miserável índice do reajuste do mínimo, vai ser repassado para os produtos e serviços por nós utilizados e, todo ano é sempre assim.

Vou para a Internet, pois navegar é preciso ou então enlouqueço. Recebo entre às várias mensagens da minha caixa postal uma da minha dileta prima jornalista noticiando em detalhes a despesa do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada, se eu já não soubesse que pobre gosta muito de luxo, ficaria ainda mais estarrecida. Não vou aqui, repassar para você o absurdo, só para não piorar o seu dia que não deve ter sido muito fácil, prefiro meu caro (a) amigo (a), poupá-lo (a) de mais uma indignação.

 Temendo piores notícias, saio do correio eletrônico e entro em um site de piadas, juro que, precisando rir um pouquinho, mas antes que eu conclua a primeira gargalhada adentra o recinto a minha simpática serviçal informando que não iria limpar a geladeira e o freezer porque precisava sair mais cedo, bem mais cedo, às dezesseis horas. Interrompo a leitura e, paciente e delicadamente argumento que ela já havia faltado no dia anterior e chegara bem atrasada hoje e, que assim, deveria cumprir com suas obrigações; graças a Deus ela entendeu e tratou de fazer o serviço.

Iludida, achei que poderia continuar lendo as piadas só que o telefone tocou, atendi e era alguém querendo me vender revistas e livros; contive-me para não dizer-lhe que aposentados precisam de todas as formas enxugar o orçamento e, por isso, deixam de ter acesso ao prazer da leitura, o hábito tornou-se muito oneroso.

Lembrei-me, então, que estava na hora de tomar o meu remédio. Infelizmente sofro de DPOC, um mal que não tem cura para meu azar.

Chegou a hora do almoço, não tive alternativa, desisti das piadas, desliguei o computador, pois depois do almoço teria muitas outras coisas para fazer.

Agora são vinte e uma horas. Recusei-me a ver os programas e jornais da TV, depois de atualizar a minha correspondência resolvi escrever, perdoem-me pelo desabafo.
Agora fala mais alto a alma da poetisa sonhando com o amanhã bem melhor.
 O sol irá raiar iluminando tudo, inclusive a consciência e o coração dos homens e mulheres dessa nação e de todo o planeta que em um dia, não muito distante, será um lugar de amor, paz e justiça, onde o bem reinará perenemente.
Assim como brilham as estrelas no céu, correm as águas de nossos rios e cascatas, onde os pássaros se banham, cantam e voam alegremente por entre as flores multicoloridas e as matas verdejantes desse maravilhoso Continente.   
Ana Aparecida Ottoni

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