TUDO PASSA
 
Passam as pessoas, as coisas, as metas, os desejos e os sonhos. Marcantes ou não de tudo fica um pouco:
- Fica um pouco das pessoas que convivemos na infância, nossos colegas de escola, nossos mestres, nossa escola;
- A igreja que freqüentamos nossos catequistas, a Primeira Eucaristia;
- Os piqueniques aos domingos;
- A liberdade e o espaço para inúmeras brincadeiras, as músicas que ouvíamos no rádio.
A TV em branco e preto ainda não era para todos poucos a possuíam. Depois veio a televisão colorida e o acesso ao equipamento já era bem maior, até alcançar os consumidores de todo o país.
Não havia correio eletrônico, mensagens só por carta, cartões ou telegramas encaminhados pelos Correios e Telégrafos.
Ainda não existia o mundo virtual, nem celular, o telefone fixo também era para poucos.
Não ouvíamos falar em drogas, andávamos nas ruas sem medo, respeitávamos nossos mestres e os mais velhos. Obedecíamos nossos pais que nem queriam saber de psicologia na hora de disciplinar seus filhos, castigo ou umas boas palmadas resolviam o dilema fosse ele qual fosse.
Éramos mesmo inocentes, acreditávamos em Papai-Noel e Coelho da Páscoa.
Adorávamos os contos de fada, histórias infantis: - Branca de Neve, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos, etc.
Éramos incentivados e cultivamos o hábito de ler, líamos as Seleções, Almanaques de diversos temas e os livros de Monteiro Lobato.
Raramente ouvíamos um palavrão e gíria nunca. Íamos ao Circo, comíamos algodão – doce, pipocas, amendoim - torrado, tomávamos sorvete ou chupávamos um picolé, nos divertíamos com todas as atrações principalmente com os palhaços e macacos e outros animais adestrados.
Nossos pais eram os provedores da família e nossas mães cuidavam da casa, dos filhos, faziam as compras.
Tudo dava certo, tudo em seus lugares.
Mulheres em casa e homens trabalhando tranqüilos.
Todavia, com o amplo acesso a televisão vieram os seriados vespertinos - Nacional Kdis, Tarzan o Rei das Florestas, Os Patrulheiros, Perdidos no Espaço, Guerra nas Estrelas, Zorro, A Feiticeira Etc.. Vieram as novelas, o incentivo ao consumo em comerciais dos patrocinadores.
Chegaram as montadoras de veículos e a tecnologia aliada ao esforço dos cidadãos para o progresso da nação despertou o interesse dos investidores internacionais. A Europa renascia das cinzas da segunda guerra mundial. O Rock roll veio para ficar e explodiu no mundo inteiro com os Beatles e as idéias do líder do grupo o gênio John Lennon, Paul McCartneye, Ringo Starr e George Harrison. O movimento feminista ganhou forma e corpo, cresceu. Era a mulher buscando seu espaço nesse mundo que quanto mais progredia mais destruía o Planeta Terra e principalmente a célula mater da sociedade A FAMÍLIA.
Pais iam para o trabalho, filhos para a escola e durante a metade do dia sozinhos ou com a atenção de alguma vinha prestativa. Mulheres queriam e provaram ser tão capazes ou mais que os homens.
O que lhes falta em força física sobra em equilíbrio e dedicação. Ganharam o direito de votar. Deixaram de ser tão somente a dona de casa, a Rainha do Lar, a esposa e a mãe dedicada, presente e solícita.
As meninas passaram a não pensar em prendas domésticas e arranjar um bom partido para casarem-se.
Queriam muito mais.
Ao terminarem o curso de magistério foram para a faculdade.
Enquanto tudo isso acontecia da garagem de uma residência americana Bill Gattes uniu o Sistema Windows a outro programa e surgiu o Mundo Virtual a Rede mundial de Computadores revolucionando todo o planeta a Era Digital do mundo globalizado, o que acontece é conhecido simultaneamente por todos e de todos os lugares.
O homem chegou a Lua. Era Espacial.
Tanto progresso, tanta tecnologia, um mundo capitalista foi aos poucos destruindo o planeta e desintegrando a família, célula mais importante da sociedade.
Mulheres estressadas com o acúmulo de atividades e a culpa de não poder cuidar de sua prole dar a ela a mesma atenção que receberam de suas mães. Tentam redimir sua culpa exagerando na tolerância e liberdade, submetendo-se a cobrança e chantagens, pois essa gente pequena com aguçada percepção sabe ser cruel quando trata de satisfazer os seus caprichos e desejos ganhando com isso a promessa de se passar de ano vai ter o que pediu ou viagem dos sonhos. Como se estudar não fosse tão somente a sua única obrigação favorecendo tão somente a eles próprios.
Os homens ficaram atordoados, desnorteados não contavam mais com a retaguarda e o apoio da mulher sempre atenta para que todos o marido, filhos e ela própria ficassem bem.
Foram as mulheres que formaram os melhores e os piores cidadãos que conhecemos.
O egoísmo tomou conta de todos, ninguém estava verdadeiramente feliz, mas, fingiam que sim e o caos se estabilizou.
Crianças não respeitam os pais, professores e os idosos, deixaram de ser criativas.
 Não convivem com os coleguinhas e amigos, não é preciso.
Estão todos conectados. Vêem-se e falam-se todos os dias, na hora que desejam.
Afinal estão todos conectados a Rede e navegar é fundamental.
Mamãe e papai não estão em casa, mas, o Dr. Google está, vamos perguntar a ele. Para que perder tempo para efetuar o trabalho pedido pelos professores é só pesquisar na Internet.
Ler para que? Posso saber tudo que desejo em Sites da Rede.
A mulher moderna, desperta bem cedo. Prepara o desjejum da família, verifica as mochilas das crianças, manda que se troquem enquanto ela bota a louça na Lavadora, guarda os alimentos em seus respectivos lugares, liga a maquina de lavar roupas, junta o lixo para depositar na lixeira.
Depois corre para o quarto, escolhe uma roupa clássica para ir ao trabalho, calça as meias finas, os sapatos, pega a bolsa, a sombrinha e um agasalho para o caso de alterações climáticas.
Feito uma maratonista coloca as crianças no transporte escolar e fica feliz quando vê a empregada chegando para arrumar a casa fazer o almoço para crianças e servi-las quando chegarem do colégio. Também lava as meias e os tênis dos anjinhos e passa a roupa.
Essa mulher é aquela que estudou, é competente, tem um bom salário. Do trabalho fala com o marido, a mãe e amigas valendo-se do celular ou da Internet.
MULHER MODERNA
COISA NENHUMA!
MULHER ESCRAVA DE SI MESMO.
Acumula diversas atividades e chamou para si a responsabilidade de suprir parte das despesas da família.
A maioria dos postos de trabalho são ocupados pelas mulheres independentes.
Exercem atividades antes só ocupadas por homens. São motoristas de taxi, de ônibus, garis, jogadoras e juízas de futebol e profissionais dos diversos seguimentos da construção civil, inclusive os braçais etc.
Existem muitos casos de casais que trocaram as funções quando a mulher é mais preparada e por essa razão aufere uma renda muito maior. Ele fica em casa, lava, passa, cozinha. Leva e busca as crianças do colégio, do curso de inglês e informática ou do teatro do Shopping etc..
Essa revolução nas relações propiciou um grande número de separação conjugal, desquite e posteriormente o divórcio.
No início a mulher separada ou desquitada era alvo de preconceito inclusive de mulheres acomodadas ou que optaram em continuar reinando no lar, cuidando da casa e da família, trocando receitas com suas vizinhas, fazendo tricô ou cursos para aprimorar suas prendas domésticas como arte culinária, pintura em cerâmica, porcelana ou em telas, jardinagem entre outros.
Os filhos da mulher separada, desquitada ou divorciada também sofriam discriminação por outras mães e, também nas escolas.
Tudo passou.
O bonde continuou andando e hoje os homens não fazem questão alguma de serem eles os provedores da família.
Acham que a mulher tem mesmo é que ser independente, contribuir na despesa da casa e assim, propiciar a eles próprios e aos filhos uma boa educação, um bom seguro de saúde visto que, os Sistemas de Educação e de Saúde patrocinados pelos governos municipais, estaduais e federais são caóticos.
            Eu que vivenciei todas essas transformações, tendo começado a trabalhar com catorze anos e só parado quando já aposentada, se pudesse recomeçar faria tudo diferente.
Teria aceitado um dos pedidos de casamento de jovens de famílias amigas ou conhecidas da minha família e por todos considerado bem posicionado capaz de assumir a responsabilidade de chefe de família.
Teria me tornado a Rainha do Lar, mãe extremosa e esposa carinhosa, muito prendada, por todos admirada e considerada, boa mãe excelente mulher!
Todavia como todas as mulheres de minha geração quis e me tornei independente.
Montei a minha própria casa e só me casei após os trinta anos, sempre vangloriando a minha independência.
Que grande e tola ilusão!
Independência nada! Sempre acorrentadas ao trabalho e aos diversos compromissos que inventavámos para nos sentirmos vivas, alegre e felizes e não pensarmos na escolha feita. Não dava para recomeçar, retroceder admitir o quanto nos iludimos!
Não tive filhos.
Pensei depois de aposentar-me, mudar para algum lugar aprazível de clima temperado. Morar em uma casa onde a maioria dos móveis fossem de alvenaria, com belas almofadas e cortinas, um jardim suspenso na entrada e outro na área de serviço com ervas de cheiro orgânicas e frescas utilizadas na culinária.  Uma habitação simples, porém confortável e aconchegante.
Mas pouco depois de aposentada veio a DPOC. Para meu marido tornei-me um fardo e não mais a mulher amiga e companheira.
           Por recomendação médica mudei sim, só que para o litoral e ele não. Fiquei quase três anos sem nenhuma crise.
Contudo há dois meses a crise voltou e me tornei dependente do oxigênio para respirar.
          Pagar para respirar fica muito caro, mas quando o ar lhe falta, viver é um martírio.
          Gasto a economia que fiz durante anos e anos de muito trabalho e esforço para viajar, passear e me divertir com remédios e oxigênio.
           Estou só.
           Tomando oxigênio e escrevendo com o computador a meu lado, mas sinto dores e na cama fico mais aquecida e as dores são amenizadas preciso adquirir logo um portátil.
 Por isso meninas estudem, tenham uma boa profissão, mas antes de qualquer coisa procurem o seu par e não queiram ser independentes.
Basta, apenas, saber que se quiserem ou precisar podem.
Homens gostam e precisam da retaguarda e do apoio da mulher caseira e solícita. Depois para que levantar cedo enfrentar trânsito, alterações climáticas, preocupadas com o que deixou de fazer, mas está lá esperando que retorne.
Também não precisarão esperar tanto tempo para viajar, passear, curtir a família e os amigos acompanhar tranquilamente o crescimento de seus filhos sendo deles a melhor amiga, companheira e confidente.
De seu dileto marido o provedor será a cúmplice ideal e perfeita.
O tempo de ser e fazer feliz é agora!
E por isso chama-se PRESENTE!
Ana Aparecida Ottoni
P. Grande, 15 de julho de 2012.



  

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