E EU FUI À CHURRASCARIA



Por impossibilidade física já há dois meses estou reclusa em minha casa.
Morando só e não contando com uma empregada para preparar a minha alimentação me vejo obrigada a solicitar os serviços delyveri de marmitex. Sempre procuro utilizar os restaurantes nos quais já estive, mas o fato é que já estou um pouco enfastiada desse tipo de alimentação. Não posso sair, mas preciso me alimentar, pois como o dito popular “Saco Vazio Não Para Em Pé”.
Hoje, porém, é domingo e os serviços delyveri não funcionam.
Sinto bastante dor e não tenho nenhuma vontade de comer um lanche. Gosto muito de Churrasco e estou com muita vontade de saboreá-lo.
Resolvi então me arrumar chamar um táxi de um conhecido e ir a uma churrascaria aqui perto de casa. Antes eu convidei as minhas manas, mas elas não quizeram ir.
Bem, o táxi chegou e com o apoio de uma cadeira de rodinhas desci pelo elevador o carro entrou na garagem e o motorista auxiliou-me a entrar no mesmo. Chegando à churrascaria ele ajudou-me a entrar no local e acomodar-me em um mesa próxima ao buffet.
Apoiando-me na guarnição ao redor da mesa do buffet me servi e fui apoiando nas outras cadeiras até chegar a minha mesa.
O garçom muito solícito perguntou se precisava de algo e o que eu desejava beber. Pedi um suco de limão com gelo e passei a observar o ambiente. No trajeto até lá, imaginei que me sentiria deslocada.
Trata do tipo de local que as pessoas normalmente vão acompanhadas e até em grupo.
No entanto havia poucas pessoas, somente uma, acompanhada (um casal), uma outra mulher também sozinha e os demais em torno de dez homens.
Todos sós.
Concluí que as pessoas por opção ou não vivem sós.
O rodízio não era dos mais caros e tão pouco dos mais baratos levando-me a crer que as pessoas que freqüentam o local são de classe média alta, todos tinham boa aparência e se portavam com muita educação.
Fiquei imaginando o que faziam, havia entre eles jovens e idosos.  Questionei-me: - Viviam distantes de suas famílias?
Pensei em mim mesmo não estava eu lá sozinha e sem boa locomoção?
Encerrei minhas conjecturas pensando que estou em uma fase passageira.
Não quis ligar para nenhuma amiga, ninguém gosta de companhias doentes.
Tenho uma amiga muito extrovertida que me diz com a maior naturalidade: “fique boa para voltar aos nossos eventos culturais e passearmos bastante”, deixando claro que doentes devem ficar em casa.
Uma outra amiga, mora bem perto, manda e-mail, liga, mas não vem me visitar.
Aprendi com meus pais que quando um amigo, um conhecido ou um parente fica enfermo é uma questão de solidariedade e de caridade e consideração a nossa visita demonstrando ao enfermo que não está esquecido e nessas ocasiões devemos falar de amenidades, novidades alegres e até contar anedotas e piadas.
Estou passando por uma fase difícil.
Primeiro a crise respiratória, depois a catarata e agora esse atropelamento.
Para os astrólogos seria o meu inferno astral.
Para os supersticiosos mal olhado, inveja etc.
Para mim um aprendizado.
Escrevi em um outro texto que: “TUDO PASSA.”.
Uma amiga escreveu que “com o tempo ficou diferente” e eu não sei se diferente ou mais sábia.
Hoje já não gosto de toda a gente. Aprendi que nem toda a gente é gente de verdade.  Estarei desiludida? – Não queria mudar ficar assim mais descrente.
Perdoem-me pelo desabafo.
 Todavia é o que tenho para hoje.
  
Ana Aparecida Ottoni

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